quinta-feira, julho 20, 2006

Banco


Faz-me falta sair contigo. Passear à noite. No silêncio. Andarmos pelo jardim e encontrar um banco. Junto a uma árvore. A Lua mantém a sua distância e as estrelas brilham como nunca. Luz. Como deve ser. O céu é tingido de várias cores. Raios de Sol. Violeta. Vermelho. Riste quando brinco com as estrelas. Conto-as. Perco-me a olhar para ti. Bela. O paraíso mudou de lugar. Aqui. Contigo. Agarro-me a ti. Vamo-nos deitar na relva. Quente. Respiramos fundo. Escrevo no céu: Amo-te. Tu gostas. Eu adoro. Com o vento a bater ao de leve nas folhas proporciona uma melodia. Romântica. Compassada. Juramos voltar lá sempre. Beijamo-nos sem parar. Regressamos a casa. Deitas-te. Fechas os olhos. A minha alma espera pela tua no mesmo jardim. Contemplamos as plantas. Árvores. O amo-te ainda está no céu. Fica até acordares. Só para ti. Só por ti.

Depois as nossas almas voltam para ficarmos juntos a vida inteira.

domingo, julho 16, 2006

Vela


Ás vezes, apenas na brincadeira voo até uma vela. Sou cera, pavio torcido. Chama. Ilumino-te o quarto com a luz difusa. Azul. Amarelo. Laranja. Quando te aproximas inclino a chama para te ver melhor. Faço-te o ambiente perfeito para relaxares. Calma. Paulatinamente vou escorrendo a cera. Não há pressa. A noite lá fora espreita. Debruça-se no parapeito da janela e aí fica. Eu ilumino mais. Luz difusa. Pouco se ouve o que se passa lá fora. Vruummm... Carro. Da fresta que abriste na janela o vento assobia com medo. Parecem palavras sussurradas mas que não te chegam ao ouvido. Eu oiço. Amo-te. Trepido a chama. Balanço para os lados. Olhas para mim. Amor. Inundo-te com a luz amarelada. Sorris. Inclinas-te para perceber os meus movimentos. Esquerda direita. Embalo-te até adormeceres. Dormes como um anjo. Meu. Saio da vela e vou ter contigo. Olá amor.

Numa vela embalo-te até adormeceres.

quinta-feira, julho 13, 2006

Rosa


Numa rosa o meu coração habita. Vermelho. A baloiçar ao vento. Sou daquelas flores que se empolgam todas para serem cheiradas por ti. Contente. Que à noite fico quieto à tua espera. Impaciente. Só espero por ti. Quando não apareces vou à tua procura. Alma versátil. Posso ficar onde quiser aguardando que passes. Posso ser o que quiser: Rosa, acácia, túlipa. Basta que olhes para mim. Gostava de ficar para sempre numa jarra no teu quarto. Todos os dias te olhava ao acordares. Sem murchar. Viva. Dar-te os bons dias. Inundar-te o quarto com o meu perfume. Bastava. Sim. Sou apenas flor. Sem folhas nem espinhos. Só suavidade e delicadeza. Não preciso de água. Só de sorrisos. Teus. Não sou flor de tango. Nem tão-pouco de canteiros. Importante. Estou na rosa porque olhas para ela. Permaneço nela. Sorrio para ti.

Na rosa encontras o meu coração a bater por ti.

segunda-feira, julho 10, 2006

Sonho



Hoje adormeci mais cedo. Deitei-me. A noite está quente. A luz é tão fraca que poucas sombras faz. Não se ouvem palavras. Sussurros. A minha alma vai lenta. Sem pressa. Ter com a tua. Aconchego-me na almofada. As estrelas pouco pintam o céu. Mas não precisam. A estrela mais brilhante és tu. Os teus olhos bastam para me iluminar o caminho. Longe. Onde estamos a Lua mantém-se imóvel. Só olha para ti. Branca. Imensa. A noite depois de te sentir acalma. As estrelas brilham mais. O caminho torna-se mais curto. As nossas almas vagueiam por aí. No jardim. Pelos canteiros. Rosas. Relva. Sem vento as flores não te acompanham. Mas eu mantenho-me ao teu lado. Agarrado a ti.

Quando adormeço sinto-te mais perto de mim.

sexta-feira, julho 07, 2006

Janela


Em cada janela existe uma ânsia em ir ter contigo. Querer beijar-te até ficar sem fôlego. O bater do coração. De enovelar os meus dedos nos teus cabelos. Dizer-te que o Sol só ilumina o mundo para poder-te ver. Incessante. E que à Lua volta todas as noites, para te poder embalar no sono. Baixinho. As estrelas curiosas também. A minha alma fica com a tua. Sempre. Decorar cada traço teu. Seguir-te. A tua sombra no chão. Lenta. Da minha janela vejo o horizonte. Uma linha ténue. De onde parte o arco-íris. Vou correr sem parar até te sentir aqui. Câmara lenta. Junto ao meu peito. Respiramos o ar que ainda falta por respirar. Andamos de mão dada. A sorrir.

Abrimos a janela e sentimos saudade um do outro.

quarta-feira, julho 05, 2006

Estrelas



A noite assim torna-se mais calma para mim. Sentimento de paz. O mundo gira mais devagar. As palavras soam melhor. Magistrais. A minha alma baila-me por dentro. Quer ir ter com ela. Acariciar-lhe o cabelo. Lembro-me dela. Dos olhos dela. Brilhantes. Lembro-me de ter conversas com ela até ao amanhecer... A Lua ilumina-me o quarto por inteiro. Abro a janela. Silêncio. Ninguém na rua. Deito-me e adormeço. Eu fico. A minha alma vai ter com a dela. Já estava à minha espera. Voamos até cansar. Até à praia. Seguimos em frente. Cada onda diferente da outra. Contamos as estrelas. Reflectem a sua luz na água do mar, transformado-a em algo mais precioso. Mais límpido. Fico com ela até acordar. Não havia mais alma nenhuma com que a minha quisesse estar.

Contámos estrelas até chegar a palavra amo-te.

segunda-feira, julho 03, 2006

A Noite


Esta é a minha noite particular. É aqui que costumo ter insónias, que me sento numa cadeira e escrevo para passar o tempo. Faça vento. Faça chuva. Nada faz sentir-me contente à noite do que a lentidão da passagem do tempo. Um minuto. Outro minuto. Aqui fica tudo mais parado, mais romântico. Lareira incluída. Luz vagarosa. A noite aqui é perfeita. A Lua. São os pontos de luz que estão no céu que iluminam a rua lá fora. Cá dentro, sou eu e a minha alma. À espera que eu durma para poder sair daqui. Não há Sol para nos aquecer. Apenas a madeira a criptar quando o fogo pede para dançar com ele. Esta noite está decidido... Hoje só vou pensar nela.

Penso nela desde o momento em que a vi.