quarta-feira, fevereiro 28, 2007

A Carta 3


A carta chegou pela manhã. Ainda estás a dormir. Debruçada na janela do teu quarto. A tentar chamar a tua atenção. Está frio cá fora. Não reparas nela. Depois de te espreguiçares é que a notas. Estranhas porque nunca tinhas visto uma carta assim, sem remetente apenas com um Para o meu Amor. A música que dá na rádio deixa-te pensativa mas com um grande sorriso. Esse mesmo que me paralisou. Amo-te. Puxas o cortinado. A luz pede licença para entrar. Posso? Devagarinho a luz ilumina nas coisas que tens no quarto. O teu pijama reflecte o que tens na alma. Um grande coração. A minha está no papel. Agarrada a cada palavra. Aqueço cada frase para te aquecer o coração. Logo de manhã. Sabes que fui eu que a escrevi. Mesmo antes de abrir. Mas continuas com a incerteza. O mundo sustém a respiração. Só quando acabas de a reler é que continua. Sentes saudades minhas mas ao mesmo tempo são saciadas pelas minhas palavras. Na minha ausência. Na minha presença. Encostas a carta ao peito. Largos minutos. Abraço-te. Amo-te. Tens o coração aos pulos. De contente. Foi a primeira carta que recebeste. Assim. Pela manhã. Por mim.

As tuas saudades são acalmadas pelas minhas palavras.