quarta-feira, setembro 30, 2009

Vila


A dos pais. Aquela lá para cima. Norte. Leva roupa para uma semana disseste no telefonema. Vais gostar. Vou lá todos os anos. Este quero ir contigo. De viagem. Vai ser as melhores férias que podes ter. Vou estar contigo. E a vila é linda. Mas faz frio. Ás vezes. Mas à noite. Abri a mala. Escolhi as roupas. Escova de dentes. Amanhã partimos de manhã. Acordar cedo. Nós não durmimos. Ainda meio ensonado sento-me no carro e baixo a música do rádio. Digo que está bom tempo. Tu sorris à procura de poder passar na entrada para auto-estrada. Falamos. Conversamos. Dialogamos. A viagem é longa. Tiro fotos. Fazes já os planos para o primeiro dia. Estão os dois empolgadíssimos. Já estamos a chegar. Ali brincava quando era mais pequena. Ali uma vez. Oh. Isto dantes não era assim. Desligas o carro. Chegámos. Tiro as malas do carro e subo um degrau. Depois mais uns. Pouso. Este almoço vamos à casa do meu tio. Depois vamos dar uma volta por aí. Passam-se dias. Passam-se noites. Em festas da vila. A contar estrelas cadentes. Chuva. De. Estrelas. Muitas idas à piscina. Cada vez mais amor por ti. Para todos os lados que vamos enches sempre de beleza. Esta vista é linda. Mas contigo ao meu lado ainda é mais. Sol. Os cheiros. As pessoas. A cama. Os relógios. O tempo para tudo. Estranha-se no primeiro dia. No segundo estranha-se. Nos seguintes já gostávamos de lá ter uma casa. Nossa. Para férias. Útimo dia. Adeus a todos. Já com saudades. A viagem ainda é mais comprida. Chegamos quase noite.

Para o ano voltamos outra vez.

sábado, fevereiro 28, 2009

Cozinha


Procura exaustiva. Nesta. Naquela. Esta não. Esqueci-me de comprar isto. Eles entendem-se. Os dois estão na cozinha. Ele a cortar os legumes. Ela a ler a receita e a mexer o tacho. Nós ficamos a ver. Os dois. Pergunta-lhe qualquer coisa mas ela não ouviu. Os dois de avental. Antes ele tinha comprado algumas coisas. Disse-lhe que queria cozinhar para ela. Mas ela também quis ajudar. Temos orgulho. Passeou pelos corredores a pôr no carrinho as coisas que achou melhor. Ela já deve ter isto lá. Ela gosta não chega. Pelo sim pelo não. Ela em casa a procurar os livros de culinária. Já tem alguns. Vai vendo as mais fáceis. Nenhuma lhe interessa. Ele já pôs as compras no carro e vai a caminho. Ainda é cedo. Dia. Sol. Já escurece tarde. Tocou duas vezes. Ela revista-lhe os sacos antes de mais. Ele. Só. Ri. Ele senta-se com ela. Procuram a receita. O molho já está feito. Agora o prato. Ele tem cuidado para sujar o mínimo. Ela repara. Goza-lhe dizendo que não tenha medo. É ele que vai lavar os pratos. Tem máquina de lavar. Ela vai pondo a mesa. Na sala. Ainda não está pronto. Falta qualquer coisa. Não sabe o quê. Faltamos nós. Alma. O toque. Agora sim. Perfeito. Leva a travessa. Volta a cozinha. Uma vela alta. Ela cora. Sentam-se. Tocam-se nas mãos. A mão pousada na dele. Respiram fundo.

Foi o melhor jantar da minha vida.

sexta-feira, outubro 31, 2008

Horas


Á noite telefonaste. Este tempo de frio. Vou estar o dia todo fora. E no sítio onde vou estar não tenho rede. Mas de noite em casa telefono-te. Prometido. Mesmo se for tarde? Sim. Falamos. Mas quando a ideia que amanhã não iria te ouvir. Perdi-me. O dia nasce. E. Nada. Voice Mail. Nada. Começo a imaginar o que fazes. Como falas. Já deves estar farta de aí estar. Calma. Visto-me e vou para a rua. Passar o tempo. Mas não passa. Olha deixa ver como isto já cresceu. Está na mesma. Vou aquela loja. Já fechou. 5 minutos. 3 minutos. O relógio deve estar a atrasar. Vou almoçar a um restaurante. Ainda não temos ementa. Mais de caminho. Sento-me e peço uma bebida. Jornal. Nada de novo. Pago e saio. Mais um passeio. Dois passarinhos lutam por uma raminho. Lembro-me que esqueci da máquina fotográfica. Sento-me num banco. Almoço. Lanche. Ainda falta tanto tempo. As horas. Basta saber que não estás desse lado neste momento. Já estou em casa. Sala. Quarto. Cozinha. Sala. Hall. Ouço um telefone a tocar. Corro para ele. Não. É do vizinho do lado. Beicinho. Varanda. Fechar a janela. Filme. 2 horas. Pouco. Ainda. Anoitece. Frio. Mesmo. Vou para a coznha preparar o jantar. Avental. Receita de livro. Não é muito complicada. Tabuleiro. Copo. Prato. Talheres. Ocupo o menos possível do sofá. Aninhado. Sem ti não tem a mesma piada. Televisor. Começo a preocupar-me. Não à de ser nada. Trânsito. O telefone toca. Sim é ele. Toque igual. Atiro a manta para o lado e vou em passo acelarado. Levanto o auscultador. O ponteiro dos segundos avança. Olá!

Da próxima vez adianto os relógios só para não sentir que as horas passam devagar. 

terça-feira, setembro 30, 2008

Jogo

Telefonema. Olá. Trás aquele baralho de cartas para podermos jogar. Os dois. Levei uma caixa com vários jogos. E o lanche. Sacos de plástico. Sentei-me no sofá. Televisão ligada em volume baixo. Estavas a ler. Estou a meio. Marcador. Quando acabar de ler empresto-te. Ajeitaste as almofadas que abraçavas enquanto lias. Abri a caixa. Baralho. Jogamos vários. Fomos saltitando de jogo em jogo. Novas regras. Só nossas. Nunca tal tinha ouvido nessa regra. Eu jogo sempre assim. Sorriso maroto. Não se trata de batota. Apenas limar as regras confusas em mais fáceis. Acessíveis. Ainda vasculhamos a caixa e tentamos jogar outros. Mas já tinhamos um em ideia. BlackJack. A técnica é simples. Jogamos com fichas. Foi sempre a apostar. Fartámo-nos de rir. Da desmoralização de perder. Da alegria de ganhar. Fomos trocando de posição. Ora banca. Ora apostador. Fui perdendo várias vezes. Jogar e lanchar. Perder. Ganhar. Perder. Perder. Perder. Nunca me deixaste ganhar. Nunca te deixei perder. As horas passaram a correr. Nem pela janela com os cortinados abertos. Faltava pouco para a hora de jantar. Convite. Jantas cá. Vou por mais um lugar na minha pequena mesa.

Azar no jogo mas uma sorte imensa no amor.

domingo, agosto 31, 2008

Férias


Sigo viagem. Hoje de manhã senti já as saudades. Só de saber que à tarde já não te iria ver. Todos os anos é assim. Mas não devia. Ontem passei o dia contigo. Brincámos com a cadela. O novo membro da famíla como tu própria disseste. Que só quer festinhas e nunca engraçou com a coleira. Volto para casa a pensar no dia de amanhã. Telefonas-me à noite a desejar boa viagem. Dizes-me vais ver que vai ser o mês mais pequeno do ano. Ainda me fizeste rir. Eu digo que sem dar por isso estou aí contigo. Faço as férias dentro do país. Para onde quer que vá é sempre perto. Para onde quer que vá é sempre longe. Em todos os lugares que visito tiro várias fotografias. Em todos os lugares penso que se tivesses comigo seria a melhor paisagem do mundo. Compro umas prendas para te fazer supresa. Ligo-te várias vezes por semana para saber como estás. Amo-te. A minha alma vai ter contigo todos os dias. Dia sim. Dia sim. Viajam juntas. É a única maneira de matar as saudades. Ou pelo menos escondê-las durante um tempo. Pouco. Na última noite antes de vir para casa telefonei-te. Estavas a ler um livro. Contei-te que o tempo não estava para brincadeiras e que pouco passeei. Disseste que tinhas ficado em casa pelas mesmas razões. Já falta pouco. Amanhã já aí estou. A vinda foi quase a voar. Nem dei pelo tempo passar. Só queria estar contigo. 100km. 50km. 25km. As placas passaram e eu nem as vi. Nem passei pela minha casa primeiro. Fui logo ter contigo. Levei a mala onde estavam as prendas. Toco a porta. Senti o chão a estremecer de vires a correr. Abres a porta.

Não consigo ficar assim tanto tempo sem te ver.

segunda-feira, junho 30, 2008

Cidade


A cidade onde estamos tem vida própria. Alma. Prédios altos. Jardins generosos. Verdes. É esta a cidade que nos viu muitas vezes passear. Namorar. Brincar. Espantar. Cada rua de Lisboa conhece-nos. Cada calçada. Cada semáforo já nos deu várias vezes passagem. Cada monumento reconhece a sombra que deixas do flash da máquina. Bronze. Cada vista diferente em lugar igual. Saldanha. Marquês de Pombal. Restauradores. Rossio. Terreiro do Paço. Uma ou outra loja de paragem habitual. Esta e aquela também. Faço-te sempre a vontade. Oh gostava de dar só uma voltinha vamos? És amor! Sempre com boas tardes a entrada. És amorosa para toda a gente. Sempre com um sorriso nos lábios. Gostas daquelas lojas antigas. Paradas no tempo. A pedra da entrada já gasta de tanta gente que entrou. A tinta que aqui e ali já estalou. Os preços na moeda antiga. As contas feitas à mão. Dos monumentos que já não se fazem. Do gelado que sempre comemos naquele banquinho de mármore. Dum qualquer turista que nos pede sempre para tirar uma fotografia. Da noite na cidade.

A cidade que viu o nosso amor nascer.

sábado, maio 31, 2008

Pintura

Moldura. Tela grande. Eles estão juntos. Ele abriu a janela. A luz entrou. Grande. Ela olhou para a tela. Ele olhou-a. Nós estamos aqui as duas. Almas. Podemos estar onde quisermos. Até na tinta. Ele mistura as tintas. Ela encaixa a tela no cavalete. Um pouco mais para a direita. Assim. Uma garrafa de água tomba. Ele volta a pô-la no lugar. Vamos pintar o nosso amor. Ela segura num pincel. Escolhe a cor. Quero pintar aqui. Pintam. Ele de traço largo. Confiante. Ela detalha as particularidades. Aquela florzinha que cresce na relva. Aquele botão de rosa que ainda não desabrochou. Ele pinta um céu claro. Contentes. Divertimento. Sem querer ela deixa cair tinta na roupa. Ele risse. Nós também. Ela faz de conta que ficou triste. Ele aproxima-se dela. Quando ele a abraça ela pega no pincel e pinta-lhe a cara. Não perdes pela demora. Ele corre para o balde de tinta e molha a mão. Ela tenta fugir. Nós também. Mas consegue pintar-lhe um lado da cara. Riem-se a bandeiras despregadas. Até faltar o ar. Continuam a pintar. Retoque final. Arrumam as coisas e deixam secar a tinta. Sentados num banco os dois. Eles e nós. Juntos.

Acrescentaste-me uma nova cor na paleta: o amor.

quarta-feira, abril 30, 2008

Estória

Era uma vez uma ela e um ele. Ela fazia vida normal. Ele também. Amavam-se. Sempre. Muito. Partilham a mesma estória. De Amor. Sem acasos. As suas almas estavam sempre juntas. Dia e noite. Desde que se viram pela primeira vez. Ele fazia supresas de vez em quando. Gostava de ver a cara dela de espanto quando lhe oferecia alguma coisa. Ela sempre sem saber o que fazer sorria sempre e beijava-o demoradamente. Passeavam sempre que podiam por aqui e por ali. Jardins. Teatros. Cinema. O já cá estive mas contigo ainda não era sempre motivo para passarem por lá juntos. Ela abraçava-o ou dando-lhe a mão apontava para os pormenores para ele também reparar neles. Aquela flor. Aquela nuvem. Aquele detalhe na pintura. Aquele pôr-do-sol. Quando se deitavam na relva e tentavam descobrir o que fazia parecer as nuvens. Os dois antes de dormir pensavam sempre um no outro. Era à noite que a saudade chegava. Ela ia junto da janela e vendo a cidade fechava os olhos. Ele já deitado segurava uma fotografia dos dois e fechava os olhos. Ambos dizem Eu Amo-te.

A nossa estória dava um livro.

segunda-feira, março 31, 2008

Teatro

Foi de tarde. Sim de tarde. Que entrei na bilheteira para comprar dois bilhetes para a grande peça. Lá para a frente. Já me tinhas falado que gostavas de ir ver. Um pequeno mimo. Pego nos bilhetes e agradeço. Já a algum tempo que não íamos a teatro. A surpresa. Aviso-te apenas que vamos sair a noite. Os dois. Pensas no que será sem medo. Confiança mútua. Vestes apenas qualquer coisa para a noite. Vou para casa. Tomo banho. Seguro nos bilhetes e ponho no bolso da camisa. Guardados. Levo o carro até a tua porta. Toco duas vezes. Desces. Sorris e com um ar matreiro perguntas. Aonde vamos amorzinho? Fiquei indecisa na roupa que ia levar. Estavas linda com o vestido. Vou guiando esquivando-me da pergunta. Mas por pouco tempo. Vamos ao teatro. Ver a peça que querias ver. Seguras a minha mão e sorris. Sorriso aberto. Não dizes nada. Não precisas. Eu percebo. Estaciono. Ainda falta. Vamos dar um passeio. Mão dada. Sentamo-nos num pequeno banco. Falamos do dia que passou. Vamos andando para o foyer do teatro. Entrego o bilhete. Pequeno rasgo. À esquerda. Os bancos todos alinhados. É aqui. Três pancadas. Molière. O pano sobe. Os artistas. Um a um. Entram. Saem. Gritam. Andam. Fazem. Transpiram. Nenhum se enrola a falar. Fazem rir no geral. Fazem sentir no particular. No fim a ovação é partilhada em cada lugar. Aplausos. Bravo. De pé. Agradecem. Saem. As palmas continuam. Eles voltam. Mais uma vez. Saímos. Dizes que gostaste muito da peça. De mão até ao carro. Já é tarde mas hoje foi diferente. Levo-te a casa. Agradeces pela noite. Vou para a minha. Cheguei.

Só contigo percebo uma peça de teatro sobre o amor.

sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Mudança

Mudaste-me o mundo. Aquela bolinha. Hoje. As ruas antes desertas agora estão ocupadas por ti. As pessoas sorriem mais. Todas. Os papéis têm mais cores e mais imagens. No meu mundo. O meu dia tornou-se maior. Não existem horas. Cada momento marca. Os passeios. Os prédios. Tudo o que existe ficou mais limpo. Mais lavado. Nos jardins vastos as plantas e as flores emanam mais perfume e mais cor. Até à distância. Os pássaros são mais carinhosos. Nas bibliotecas os livros são mais romantizados. Nos teatros a palavra chave é o amor. As estrelas brilham mais. Do que antes. O Sol brilha mais. A Lua é maior. Ilumina mais. Por maior que seja a noite o dia volta sempre a nascer. Sempre mais bonito. Lá ao fundo. O azul a completar o céu por completo. Os pequenos traços de nuvem. Brancos. Os destinos são mais rápidos de chegar. No carro a rádio não dá notícias. A condução mais leve faz-me ter saudades de ti. Mas por pouco tempo. Até as escadas são mais fáceis de subir. A calma predomina. O meu anjo está comigo. Junto a mim. Tu. A minha alma dança jubilosa. A tua dá a mão a minha. Elas juntas. Nós juntos. Assim. Sim.

O meu mundo foi mudado por ti.

quinta-feira, janeiro 31, 2008

Perfume

Talvez. Sim. Aquele teu perfume que deixas no meu ar. Não existe. Em todo o lado que passes ele fica. Na roupa. Em tua casa. Na minha. Naquela tua camisola rosa. Quando sais do banho e a mistura das fragrâncias se confundem. Do champô. Não existe melhor perfume. Do creme para o corpo. Consigo me recordar de tudo cheirando-os. Adoro aquele teu perfume só teu. Mesmo sem qualquer uso de frascos, o da tua pele é único. Cheiras bem. Dos teus cabelos. Quando decidida contas umas gotas e aproximas ao pescoço. Escolhes com atenção. E saímos. Aquele pequeno rasto invisível aos olhos mas não ao nariz. Permanece horas. Nuvem sem algodão. Tal como no meu quarto. Ciência. Basta entrares. Mesmo depois de ires para casa aquele cheirinho da tua roupa de amaciador fica. Na colcha. Nas mantas. No ar. Durmo melhor sentindo-o. Sou como as crianças. Só durmo sentindo o teu perfume. Sinto-me contigo. Aconchego-me para o lado em que o sinto mais. E a minha manhã é perfumada com o teu perfume. Aquele só teu. Só o teu. Só aquele.

Não existe melhor perfume que o teu.

segunda-feira, dezembro 31, 2007

Prenda

Natal. Tempo Frio. Decido-me a comprar uma prendinha para pôr no teu sapatinho. Em frente a lareira. Ando rua acima rua abaixo a procura duma. A chuva pouco incomoda mas molha as montras e deixa pequenos espaços secos nos vidros. Espero não te encontrar por aqui. É o único momento que consigo prescindir da tua presença. Embaraço. O não conseguir mentir. Atropelamento de palavras. Ainda não encontrei. Mudo de loja. Mudo de rua. Encontrei. É perfeita. Neste Natal era mesmo isto que eu te queria oferecer. Peço para embrulhar e deixar lá um papelinho. Só para tu leres. Vou para tua casa. Sinto-me em impaciente. Para te oferece-la. Pelo caminho a estrela baila no céu. Grande. Pisca várias vezes. Não me perco. Chego num ápice. Ficaste a janela. A ver as luzes que iluminam mais nestas noites. As cores. As decorações. As árvores. A ouvir as canções. Trautear. Abres a janela e dizes para subir. Destrancas a porta. Boa noite. Desculpas-te por teres ficado o dia todo em casa e estares mal arranjada. Não me importo de te ver assim. Cabelos desalinhados. Com jeitos. De pijama. Pantufas. Vamos para a sala no sofá junto da lareira. Reparas que escondo qualquer coisa nas costas. Mas finges não estar interessada. Passei por aqui para te ver. Pausa. E para pores isto no sapatinho. Ficas corada. Obrigado meu amor! Seguras na prenda com uma dádiva. Com suavidade. Pousas ao lado da árvore. Eu também não me esqueci. Levantaste e regressas com um saco com algo embrulhado. Agradeço e detenho-te com um beijo. Prometemos abrir as prendas apenas à meia-noite. Sem espreitar. Prometo. Perguntas-me se fico para jantar.

Ponho mais um tronco na lareira e abraço-te com calma.

sexta-feira, novembro 30, 2007

Verdade

Isso. Fala sobre tudo. Diz-lhes que te amo. Ao Sol. À Lua. Ao vento. Que não consigo viver sem ti. Da pressa de estar ao teu lado. Todas as horas. Agora. Hoje. Fala-lhes que depositei a minha fé em ti. Conta como foi amor à primeira vista. Daquele momento. Das danças a meio da noite. Dos bancos de jardim. Das horas calmas quando estamos na sala entre almofadas. Da nossa sinfonia entre bater de corações. Do meu fascínio quando te vejo. Do meu gosto pela tua camisola de malha. Da maneira simples e desatenta como bebes o café. Das nossas almas que andam por aí á noite. Da minha que não descansa enquanto não adormeceres. Explica-lhes que é amor. Verdadeiro. Da sincronia de pensamentos. Comprova a todos a importância que tens na minha vida. Declara que somos únicos em qualquer pormenor igualado. Da alegria nas fotos é natural. Que não gosto de ir a tua procura. Prefiro que estejas sempre ao meu lado. E que és o meu orgulho.

Diz a toda a gente, que a minha vida... és tu.

quarta-feira, outubro 31, 2007

Destino


É mais que óbvio. Ponto assente. O meu destino é certo contigo. Olhando para trás e vendo à volta. Empoleirando-me para ver o futuro. Tu estás sempre lá. Ao meu lado ou a minha espera. Tanto faz. Guias-me estrada fora pela mão. Indicas-me o caminho. Fazes-me falta. Esperas por mim para que te possa acompanhar. Já não conseguia viver sem ti ao meu lado. A minha alegria de poder partilhar tudo contigo deixa-me muito mais tranquilo. Juntos. Um só. Poder apontar para tudo. Saber que existe outra pessoa para viver o mesmo que eu. Recordar os momentos com fotografias. As que guardamos juntos num álbum. Conseguir lembrar-nos das situações mais simples. Passear num parque. Fazer aquele pic nic na relva. Andar ás tantas da noite ao frio. E pensar no que aí vem. No nosso futuro. Nas outras noites nos outros jardins nas outras fotografias. Tudo o que ainda falta por viver. E todo o tempo que ainda falta por te amar. Mas duma coisa é certa.

O meu destino é viver para sempre contigo.

domingo, setembro 30, 2007

Coração

Truz truz. Não há nada para arrumar mas demoro a abrir. Truz. Truz. Logo que sei que és tu abro a porta com alegria. Olá Amor. Pedes licença. Vens nervosa com a bagagem nas mãos. Entras devagarinho com medo. Respiras fundo para acalmar os nervos. Vieste para ficar. Um passo. No meu coração ninguém habitava. Mas estava a tua espera. Um dia virias. Hoje. Da última vez que te senti, na sexta-feira, o bater dos nossos corações estava em uníssono. Um só. Não muito acelerado. O suficiente para te sentir. Calma. O teu coração é maior que o meu. Trazes tudo ao peito. Saudades recordações sentimentos momentos. O meu, o que levas na mão, apenas bate quando está contigo. Fazes festinhas. Acarinhas como se fosse o teu. Adoro saber isso. Pum Pum. Falamos. Digo-te que quero que fiques sempre no meu coração. Cá dentro. Tu aceitas como uma prenda. Acalmas-te e dizes que és mulher mais feliz do mundo. Sorrio. Ponho o meu coração nas tuas mãos. É teu.

Guardei o meu coração para ti.

sexta-feira, agosto 31, 2007

Telefonema

Ainda não. Espero até que saias do banho. Aclaro a voz. Respiro fundo duas vezes. Não penso em palavras. Apenas na tua voz. Decorei o teu número logo que me o disseste mas guardo o papelinho onde o escreveste. Rias-te enquanto os desenhavas um a um. Lembro-me tão bem. Mesmo ter estado contigo de tarde agora à noite preciso de ouvir a tua voz. Decido telefonar-te. Sento-me. Pego no auscultador. 9 números. Naquele compasso de espera o meu coração dispara. O som de chamada é rapidamente sentido como uma onda. A bater na rocha. Pausa. Onda. Pausa. Atendes. Boa noite. Olá amor. Enquanto falas comigo enrolas o cabo espiral do telefone. Desenrolas e voltas a fazer o mesmo. Deitada de barriga para baixo e pernas flectidas. Digo-te que sentia saudades de ouvir a tua voz pelo telefone. Gracejas. E ris. Rio também. Pergunto-te que fazes. Respondes que tinhas vindo do banho e que agora ias para a sala. Respondo dizendo que tive a fazer tempo para te despachares do banho. Coras um pouquinho. Amo-te muito! Um beijinho. Dorme bem e até amanhã. Amo-te. Com alguma hesitação desligas o telefone. Viraste. Mordes ligeiramente o lábio inferior. Vais até a janela. Sentes saudades de estar comigo. Pousas a mão no vidro. Olhas para longe. Sorris. Andas até à sala. Ligas a luz. Sentas-te no sofá. Cruzas as pernas. Abres o livro. Adormeço e vou ter contigo. Estou aqui.

Telefono-te só para ouvir a tua voz.

sábado, junho 30, 2007

Jornal


Sábado. Noite. Não vejo horas para estar contigo outra vez. Eu não estou. A minha alma está. 22h27. Ainda não te deitaste mas pouco falta. Estou ansioso. Qualquer acção que faças eu sustenho a respiração. Quando te sentas. Quando pegas em algo. Como agora. Vestes o pijama acendes o candeeiro e pegas num jornal. Sentada com as pernas esticadas na cama. Sou a almofada que te aconchega as costas. Sou o lençol que te cobre levemente. Pouco te toco. Só com carícias. Sempre com medo. Amor. Vais desfolhando o jornal à medida que vais lendo. Devagar. Sem pressas. Riste sozinha porque sujaste os dedos com a tinta do jornal. Mas não te importas e continuas. No teu jornal não há notícias. Recordas momentos. E imagina-los no jornal. Há algo que te faz lembrar de mim. Percebo isso pela maneira como sorris. É diferente. É um sorriso mais meigo. Nunca encontrei algo mais perfeito que o teu sorriso. Este. O teu. O do meu Amor. Neste jornal eu apareço em todas as páginas. Em todas as palavras. Em todas as letras. E isso deixa-te reconfortada. Acompanhada. Com se estivesse aí contigo. Nós. O sono vai entrando. Devagarinho. Fechas o jornal. Entreabro a janela. A rua acalmou. A noite espera que adormeças para ver um anjo a dormir. Eu também fico. Toda a noite. Sem limite de horas. A proteger-te de tudo. A proteger o meu Anjo. Até de manhã.

No jornal da vida, és o anúncio que a minha alma precisava.

quinta-feira, maio 31, 2007

Silêncio


Pego-te pela mão. Não dizes uma palavra. Confias em mim. Já sinto a falta da tua expressão quando não sabes para onde vais mas avanças. Sem medo. Com a tua camisola rosa. Comigo. Hoje preciso dos teus carinhos. Daquele beijo. Desse abraço. Deste cafuné. Muitos. Dás com ternura. Só tu sabes dar. Com carinho. Enquanto caminhamos lentamente pela relva. Chegamos. Ficamos parados a olhar para todo o lado como se fosse uma maravilha do Mundo. E é. Qualquer sitio onde estejas é um paraíso. Tiras as sandálias. Molhas os pés com cuidado. A água não está fria mas quando olhas para mim finges que está. Depois vais sorrindo até te rires. Acaricias-me a cara como nunca fizeste antes. Eu sorrio. Adoro. Sentamo-nos na ponta. Abraças-me e encostas a cabeça no meu ombro. Sinto-te a respirar calmamente. Como se não houvesse tempo. Ou existe está longe daqui. A tarde não chega. A noite também não. Mas os teus carinhos são infinitos. Deste afago. Desta carícia que só tu sabes fazer. Hoje não vamos para casa. Quero sempre mais ternuras e carinhos teus.

Mesmo sem dizeres nada, os teus carinhos são reconfortantes.

quinta-feira, abril 26, 2007

Chuva

Chove muito. Faz frio. Prometeste vir até mim hoje. Espera por mim. Disseste como desabafo de já sentir saudades quando ainda nem nos tínhamos ido embora. Também sinto isso. Também me custa. Acordo e a primeira coisa que faço é olhar para o relógio impaciente. O meu coração bate por ti. Olho para todos os lados. Respiro esporadicamente. Sais de casa. Agarras o casaco para não fugir com o vento. Sou o teu casaco. Esse felpudo. O quentinho. Sou essa camisola rosa. A fofinha. Sou tudo o que te faça aquecer. De chapéu de chuva ao alto andas sem parar. Estou ainda em pijama. A contar os segundos. 21. 22. 23. Até ao 60. Depois recomeço. O tempo anda mais devagar quando pensamos nele. Ainda falta para cá chegares. A chuva continua. O meu Amor vem cá hoje. Digo baixinho para o coração acalmar. Páras numa passadeira. Os carros param também. Tal como eu quando te vi. A calçada é irregular. Os teus sapatos fazem estalidos. Mas o teu coração nem te deixa ouvir. Desisto. Não aguento mais a espera. Atiro o pijama para qualquer lado. Visto algo a pressa. Levo casaco. Mas não chapéu. Corro. Até ti. Até te ver. Tu vais calma. Os anjos não correm. Voam. O meu coração já te sente perto. Mas ainda não te vejo. A chuva abranda. Tu voas. Eu corro. Já te vejo. Não reparas em mim. Não estás a espera. Páro de correr. Vou andando. As gotas são ínfimas. Olhas para mim e páras de andar. Respiras fundo. Eu também. O tempo muda. Não chove. Faz Sol. Céu azul. Nuvens brancas. Algodão. Agarraste a mim. Mesmo todo molhado. Riste. Não aguentavas a espera? Não, meu anjo...Tu sabes que nunca aguento. De mão dada voltamos para minha casa. Sem pressa. Só aos beijos.

Não consigo viver sem ti.

sábado, março 31, 2007

Dança


Uma surpresa. Fecha os olhos. A orquestra está preparada. Os instrumentos afinados. Na sala onde estamos o chão é de madeira. Um dois três. Respiro fundo. Destapas-me os olhos com as mãos de fada. Tocam música de tango. Esperas por uma reacção minha enquanto me olhas. Não sei dançar. Mas tu ensinas-me. Dizes-me: não tenhas medo. Com um sorriso que me deixa mais leve. Basta isso. Os passos lentos que dás parece os de um anjo. Seguras-me na mão. Olhas-me nos olhos. Rio-me com vergonha. Baixo o olhar. Pedes para levantar a cabeça. Eu nem hesito. Sopras-me ao ouvido. Eu estou aqui. Seguro-te na cintura. E avançamos. Um. Dois. Três. A dança é lenta. Ou pelo menos assim parece. Seguras-me com calma mas sempre com o sorriso. Entro no ritmo. Dizes: Vês, é fácil. Amo-te. Abraço-te. Transpiras sensualidade. Com a flor que tens no cabelo. A minha alma abraça a tua. O espaço muda. Olho a volta e vejo-me contigo. Sozinhos. Junto a um banco. Ao pé da praia. O desenrolar das ondas lá ao fundo. Continuamos a dançar. O chão agora é areia. Não há orquestra. Não há som de passos. Mas não notamos. Dançamos mais duas ou três músicas. Depois paramos. Voltamos ao salão. Saímos de mão dada. Vamos ver o mar. Aconchegados um no outro. Na praia. Sentados no banco.

Na dança, as nossas almas juntam-se e somos um só.

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

A Carta 3


A carta chegou pela manhã. Ainda estás a dormir. Debruçada na janela do teu quarto. A tentar chamar a tua atenção. Está frio cá fora. Não reparas nela. Depois de te espreguiçares é que a notas. Estranhas porque nunca tinhas visto uma carta assim, sem remetente apenas com um Para o meu Amor. A música que dá na rádio deixa-te pensativa mas com um grande sorriso. Esse mesmo que me paralisou. Amo-te. Puxas o cortinado. A luz pede licença para entrar. Posso? Devagarinho a luz ilumina nas coisas que tens no quarto. O teu pijama reflecte o que tens na alma. Um grande coração. A minha está no papel. Agarrada a cada palavra. Aqueço cada frase para te aquecer o coração. Logo de manhã. Sabes que fui eu que a escrevi. Mesmo antes de abrir. Mas continuas com a incerteza. O mundo sustém a respiração. Só quando acabas de a reler é que continua. Sentes saudades minhas mas ao mesmo tempo são saciadas pelas minhas palavras. Na minha ausência. Na minha presença. Encostas a carta ao peito. Largos minutos. Abraço-te. Amo-te. Tens o coração aos pulos. De contente. Foi a primeira carta que recebeste. Assim. Pela manhã. Por mim.

As tuas saudades são acalmadas pelas minhas palavras.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

A Carta 2


15.01.07
Olá Amor! Não há uma ocasião especial para te escrever. Mas gostava que soubesses mais uma vez que te amo. E que desde o dia em que te vi que te acho um anjo. O meu anjo. Que com a alma aos pulos, caiu-me nos braços e me conquistou pelo olhar. Pedi-te para ficares comigo. Juntinhos. A nossa estória. Adoro todo o segundo passado contigo. Todo aquele minuto de silêncio que mantemos depois do longo beijo. Sinto falta de ti. Neste momento. Bastam meia-dúzia de passos longe para sentir saudades tuas. Do teu calor. Sinto-me plenamente amado por ti. Só os anjos amam assim. Só as almas conseguem manter uma paixão assim. Não há nada que nos faça separar. Fomos feitos um para o outro. Arrisco mesmo em dizer. Nem mais. Nem menos. Para sempre. Amor eterno e ininterrupto. Na terra ou no céu. Almas ligadas pelo amor. Relembro-me várias vezes das nossas saídas. Pelo jardim. A correr monumentos. A tomar banho nas águas do mar. No aconchego do quarto. Na ternura das nuvens. Em todo o lado que esteja é motivo de saudade. Guardo tudo cá dentro. Ao teu lado. É de noite que os pensamentos me surgem. Agora. Amor sempre presente. Há uma coisa que nunca consegui te dizer. Por medo. Nunca consegui te dizer adeus. A nossa alma apenas diz um até já. Por breves momentos. Simples. Assim a noção de saudade é menos dolorosa. Por momentos.
Espero que gostes desta carta. Fi-la a pensar em ti. No meu amorzinho lindo. Amo-te muito. Beijinhos.

Até já.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

A Carta 1


Está decidido. Escolho o papel mais macio. Puxo a cadeira. Abro a caneta. Hoje escrevo para ti. Ao meu Amor. Data. Local. Sendo tu a minha musa não preciso de inspiração divina. Nada. Falo sobre o dia em que te conheci. Manhã. Paro a pensar em ti. Quando me beijas a rir. Ou a respirar fundo depois de falares sem pausas. Amo-te. Escrevo sobre as nossas almas. Mais unidas que sempre. Uma só. Que me sinto amado por ti e que não consigo devolver todo o amor que me dás. Imenso. Sem medida. Imagino-te no quarto a ler. Talvez deitada. O Pencas acompanhar. Com excesso de luz para não te escapar nada. Abstraída de tudo. Gostava de estar ao pé de ti. A lê-la. Sorriso. Com calma. Escrevo sem parar. A minha alma ajuda. Assim. Termino. Dobro o papel. Envio o carta em correio azul com o céu. Até ao meu amor.

Pulverizo a carta com as estrelas e selo o envelope com um beijo.

sexta-feira, novembro 24, 2006

Candeeiro


Sonho. Domingo. Manhã. Casa. Espelho. Respiração. Olhar. Hora. Porta. Sombra. Vidro. Nuvem. Árvores. Chuva. Algodão. Vento. Horizonte. Nunca. Pedra. Distância. Quente. Água. Café. Suave. Caneta. Traço. Espaço. Nome. Limpo. Rua. Roupa. Frio. Chão. Calçada. Percurso. Semáforo. Estrada. Luz. Sol. Alegria. Cumprimento. Olá. Beijo. Amo-te. Também. Coração. Abraço. Mãos. Lágrima. Relva. Juntos. Fotografia. Momento. Guardado. Perdição. Música. Dança. Dois. Horas. Voltar. Passeio. Tapete. Chave. Acalmar. Sofá. Quarto. Banho. Toalha. Pijama. Cama. Quente. Candeeiro. Peluche. Almofada. Boa. Noite. Até. Amanhã.

Contigo o meu dia é mais simples.

domingo, novembro 12, 2006

Toque


A luz encandeia-te. Forte. Mesmo com a mão ensombrando os olhos, deixa-a escorrer. Não a prende. Dá-me a tua mão. Vamos andar por aí. Entrelaçemos os dedos para não me largares. Todas as linhas da tua mão dizem que te amo. Que vamos ficar juntos para sempre. São delicadas. Quando a pousas no meu peito e sentes o meu coração a bater. Com vergonha escondes-te atrás delas tapando a face. Não tenhas medo. Gosto das tuas mãos. O toque dos teus dedos transportam uma calma imensa. Quando juntas a palma das mãos e pedes um desejo. Pausa. Pedes outro. São sempre secretos são sempre nossos. Piscas-me o olho e acaricias-me a cara. Afagas-me o cabelo. Beijo-te uma mão. Depois a outra.

Basta o toque dos teus dedos para acalmar a minha saudade por ti.

sexta-feira, outubro 20, 2006

Olhar


No fundo dos teus olhos está a minha perdição. A minha tentação. Não há nada mais meigo em ti que os teus olhos. Em nada. Até a Lua foge envergonhada com a beleza do teu olhar. São belos. Avassaladores. Não consigo parar de olhar para eles. Guiam-me por onde quer que vá. Por ali. São completamente diferentes de todos que já vi. Têm algo que me prende. Que me impede de olhar para outro lado. Penetrantes. Apaixonei-me por eles no primeiro momento. Em qualquer situação eles têm um mistério. Nas fotos. Quando tens sono. Semi-cerrados brilham mais que duas estrelas grandes. Quando acordas. E a imagem turva. Exteriozam tudo o que te vai na alma. Cá dentro. Falam por ti. De ti. Sem malícia apenas meiguice. Sempre meigos.

Foram os teus olhos que me fizeram apaixonar por ti.

terça-feira, outubro 10, 2006

Tempo


23h26. Onde vais? Estás aqui. Estás quente. Estou aqui. Contigo. Lindo sorriso. Camisola fofinha. Macia. Há um silêncio lá fora à espera de te ver. À janela. Quando fechas as cortinas. Cobres a luz do quarto que sai pelos vidros. Fica comigo. Deixa-me estar agarrado a ti. Assim. O frio lá fora não te faz frente. Não deixo. Eu aqueço-te o coração. Quentinho. 23h42. O sono faz-te semi-cerrar os olhos. Eu e a manta mantemos-te quente. Não te largo. Nem por um segundo. Aconteça o que acontecer. Amo-te muito. Muito. Não te quero perder. Nunca. Faço-te cócegas. Abres os olhos. Olá. Adoras as minhas tropelias. Meigo. Desligo a luz. 00h18. Já dormes. O silêncio permanece. O frio continua lá fora. A noite caminha. E eu... adormeço nos teus braços. Agarrado a ti. Até ser de manhã.

Durante a noite sou a tua companhia mesmo quando dormes.

sexta-feira, setembro 29, 2006

Ilha


Ligo o candeeiro. Coloquei-a na mesa de cabeçeira. Inclinada para a ver quando acordo. Foto. Emoldurada. Estás a rir. Olhas o céu. Eu estou ao teu lado a olhar de frente para a máquina. Estavamos à beira-mar. Lembro-me ainda da conversa. Dizias que gostavas de navegar. Ilha. Areia. Deserta. Sentada num barco íamos para um lugar secreto. Só nosso. Ninguém conhece. Eu e tu a percorrer a praia por inteiro. O Pôr-do-Sol aqui é único. Diferente. Tímido. A floresta é densa. Sentados na areia falavamos em lá voltar. De mão dada. Refúgio. As horas aqui não importam. Não fazem falta. Em nada. Voltamos de barco. Sentaste na proa. Sentes o vento com cheiro a mar a mimar-te a face. Alma contente. Desligo a luz. Volto-me para o lado e adormeço. Olá.

Ao olhar para a nosso fotografia sinto saudades de andar contigo no nosso refúgio.

terça-feira, setembro 19, 2006

Caminho



Hoje não te encontro. Já fui a todos os sítios onde estivemos juntos. Nada. Voo até um jardim. Não te oiço. Não te vejo. Abraço o caminho e rumo sem destino. Volto aos mesmos sítios. Não estás. Olhando para a esquerda e direita nem o teu perfume contemplo. Estarás doente? Estarás perdida? No eco do teu nome que oiço pela minha voz, perco-me a pensar em ti. Sento-me na Lua. Faço do céu mesa para me apoiar. Não te tenho aqui, mas sinto-te. Aperto o coração. Sinto-te. Amor. Distraidamente sais do meu coração. Levantas-te e ficas mesmo em frente a mim. Meu Amor. Desde que fui à tua procura estiveste sempre no meu coração. Trouxe-te no meu peito. Sempre comigo. Procurar-te-ei doravante primeiro no meu coração. Estarás sempre lá. Quietinha. Aconchegada a mim. Aninhada no meu peito. Cá dentro.

É no meu coração que guardo para sempre o meu amor por ti.

quarta-feira, setembro 06, 2006

Quarto


Nestas quatro paredes o tempo parou. No teu quarto estamos os dois aos beijos. Amo-te. De coração. A luz é tão fraca que te ilumina apenas a face e os olhos. Perfeita. Sentados na tua cama falamos sobre tudo. Amor. Do nosso. Flores. Da tua rosa de estimação. Velas. Esta mesma que nos faz ambiente. Praia. De uma onda que te molhou os pés e te arrepiaste. Do teu peluche. O Pencas que está sentado também a meio da cama. Sorrio-te com uma pitada de orgulho. Contas que todas estas coisas te fizeram pensar em mim. Que sentiste a minha presença. A minha alma. Beijo-te uma vez mais. Enrolo o teu cabelo com o dedo. Sorrio-te e digo-te: Sim amor, fui vela rosa peluche onda e vento. O tempo volta a gatinhar pelo soalho da tua casa. Os teus olhos brilham como duas estrelas. Beijas-me continuamente. Adoro-te. Encostas a cabeça no meu ombro. Agarras-me pelo tronco. Uma gota de água escorre-te a medo pela face. Dizes: amo-te muito! Não me deixes! Com calma enxuto-te a gota. Digo-te: És tudo para mim. Deixar-te era abandonar o meu coração para sempre do amor. E não o vou fazer. Abro a janela e grito que te amo. Riste puerilmente.

Faço questão que toda a gente saiba que te amo.

quarta-feira, agosto 23, 2006

Onda


Depois de ter mergulhado em mar profundo, encho os pulmões de ar. Fresco. Completos. Hoje foste à praia já a meio do pôr do sol. Bikini, sandálias. Chamo o vento para vir comigo. Agarro-me numa onda e navego até ti. Alma viajante. Irrequieta. Daqui ainda não te vejo mas anseio esse momento. Romântico. Tenho o Sol a iluminar-me o caminho. Infinito. Imagino como estarás. Linda como sempre. Continuo na viagem. Sempre em frente. Já te consigo ver. Amor. Estás sozinha na praia. Olhas para o mar como se fosse algo único. De valor. Quase a chegar a ti seguro-me também ao vento. A onda onde navegava desenrola na areia. Beijo-te os pés a medo. Com o vento abraço-te como nunca. Arrepias-te. Sou eu. Só eu.

No desanuviar das ondas chamo por ti e no mar te amo.

terça-feira, agosto 15, 2006

Peluche


Hoje chamo-me Pencas. Estou mesmo ao teu lado. De vez em quando acaricias-me. Carinhosa. O teu peluche que está ao teu lado, hoje sou eu. Presente. Tenho uma história longa. Quando queres dormir tiras-me da cama. Sonolenta. Mas sempre com cuidado. És meiga até para os peluches. Gosto disso em ti. Meu Amor. Quando tens frio pegas em mim. Agarras-me. Á noite. Fico tão junto do teu coração que o sinto a bater. Pum, pum... Não está acelerado. Respiras como os anjos respiram. Adoro quando me seguras pela barriga. Cócegas. Fazes-me caretas. Hmmm... Tenho o teu perfume. Sorris-me. Durante a noite pousas a tua mão em cima de mim. Eu agarro-te como posso. Sentes-me perto de ti. Sorris a dormir. Eu pulo de alegria. Meu Amor.

Sentes-te mais segura à noite comigo ao teu lado.

quinta-feira, julho 20, 2006

Banco


Faz-me falta sair contigo. Passear à noite. No silêncio. Andarmos pelo jardim e encontrar um banco. Junto a uma árvore. A Lua mantém a sua distância e as estrelas brilham como nunca. Luz. Como deve ser. O céu é tingido de várias cores. Raios de Sol. Violeta. Vermelho. Riste quando brinco com as estrelas. Conto-as. Perco-me a olhar para ti. Bela. O paraíso mudou de lugar. Aqui. Contigo. Agarro-me a ti. Vamo-nos deitar na relva. Quente. Respiramos fundo. Escrevo no céu: Amo-te. Tu gostas. Eu adoro. Com o vento a bater ao de leve nas folhas proporciona uma melodia. Romântica. Compassada. Juramos voltar lá sempre. Beijamo-nos sem parar. Regressamos a casa. Deitas-te. Fechas os olhos. A minha alma espera pela tua no mesmo jardim. Contemplamos as plantas. Árvores. O amo-te ainda está no céu. Fica até acordares. Só para ti. Só por ti.

Depois as nossas almas voltam para ficarmos juntos a vida inteira.

domingo, julho 16, 2006

Vela


Ás vezes, apenas na brincadeira voo até uma vela. Sou cera, pavio torcido. Chama. Ilumino-te o quarto com a luz difusa. Azul. Amarelo. Laranja. Quando te aproximas inclino a chama para te ver melhor. Faço-te o ambiente perfeito para relaxares. Calma. Paulatinamente vou escorrendo a cera. Não há pressa. A noite lá fora espreita. Debruça-se no parapeito da janela e aí fica. Eu ilumino mais. Luz difusa. Pouco se ouve o que se passa lá fora. Vruummm... Carro. Da fresta que abriste na janela o vento assobia com medo. Parecem palavras sussurradas mas que não te chegam ao ouvido. Eu oiço. Amo-te. Trepido a chama. Balanço para os lados. Olhas para mim. Amor. Inundo-te com a luz amarelada. Sorris. Inclinas-te para perceber os meus movimentos. Esquerda direita. Embalo-te até adormeceres. Dormes como um anjo. Meu. Saio da vela e vou ter contigo. Olá amor.

Numa vela embalo-te até adormeceres.

quinta-feira, julho 13, 2006

Rosa


Numa rosa o meu coração habita. Vermelho. A baloiçar ao vento. Sou daquelas flores que se empolgam todas para serem cheiradas por ti. Contente. Que à noite fico quieto à tua espera. Impaciente. Só espero por ti. Quando não apareces vou à tua procura. Alma versátil. Posso ficar onde quiser aguardando que passes. Posso ser o que quiser: Rosa, acácia, túlipa. Basta que olhes para mim. Gostava de ficar para sempre numa jarra no teu quarto. Todos os dias te olhava ao acordares. Sem murchar. Viva. Dar-te os bons dias. Inundar-te o quarto com o meu perfume. Bastava. Sim. Sou apenas flor. Sem folhas nem espinhos. Só suavidade e delicadeza. Não preciso de água. Só de sorrisos. Teus. Não sou flor de tango. Nem tão-pouco de canteiros. Importante. Estou na rosa porque olhas para ela. Permaneço nela. Sorrio para ti.

Na rosa encontras o meu coração a bater por ti.

segunda-feira, julho 10, 2006

Sonho



Hoje adormeci mais cedo. Deitei-me. A noite está quente. A luz é tão fraca que poucas sombras faz. Não se ouvem palavras. Sussurros. A minha alma vai lenta. Sem pressa. Ter com a tua. Aconchego-me na almofada. As estrelas pouco pintam o céu. Mas não precisam. A estrela mais brilhante és tu. Os teus olhos bastam para me iluminar o caminho. Longe. Onde estamos a Lua mantém-se imóvel. Só olha para ti. Branca. Imensa. A noite depois de te sentir acalma. As estrelas brilham mais. O caminho torna-se mais curto. As nossas almas vagueiam por aí. No jardim. Pelos canteiros. Rosas. Relva. Sem vento as flores não te acompanham. Mas eu mantenho-me ao teu lado. Agarrado a ti.

Quando adormeço sinto-te mais perto de mim.

sexta-feira, julho 07, 2006

Janela


Em cada janela existe uma ânsia em ir ter contigo. Querer beijar-te até ficar sem fôlego. O bater do coração. De enovelar os meus dedos nos teus cabelos. Dizer-te que o Sol só ilumina o mundo para poder-te ver. Incessante. E que à Lua volta todas as noites, para te poder embalar no sono. Baixinho. As estrelas curiosas também. A minha alma fica com a tua. Sempre. Decorar cada traço teu. Seguir-te. A tua sombra no chão. Lenta. Da minha janela vejo o horizonte. Uma linha ténue. De onde parte o arco-íris. Vou correr sem parar até te sentir aqui. Câmara lenta. Junto ao meu peito. Respiramos o ar que ainda falta por respirar. Andamos de mão dada. A sorrir.

Abrimos a janela e sentimos saudade um do outro.

quarta-feira, julho 05, 2006

Estrelas



A noite assim torna-se mais calma para mim. Sentimento de paz. O mundo gira mais devagar. As palavras soam melhor. Magistrais. A minha alma baila-me por dentro. Quer ir ter com ela. Acariciar-lhe o cabelo. Lembro-me dela. Dos olhos dela. Brilhantes. Lembro-me de ter conversas com ela até ao amanhecer... A Lua ilumina-me o quarto por inteiro. Abro a janela. Silêncio. Ninguém na rua. Deito-me e adormeço. Eu fico. A minha alma vai ter com a dela. Já estava à minha espera. Voamos até cansar. Até à praia. Seguimos em frente. Cada onda diferente da outra. Contamos as estrelas. Reflectem a sua luz na água do mar, transformado-a em algo mais precioso. Mais límpido. Fico com ela até acordar. Não havia mais alma nenhuma com que a minha quisesse estar.

Contámos estrelas até chegar a palavra amo-te.

segunda-feira, julho 03, 2006

A Noite


Esta é a minha noite particular. É aqui que costumo ter insónias, que me sento numa cadeira e escrevo para passar o tempo. Faça vento. Faça chuva. Nada faz sentir-me contente à noite do que a lentidão da passagem do tempo. Um minuto. Outro minuto. Aqui fica tudo mais parado, mais romântico. Lareira incluída. Luz vagarosa. A noite aqui é perfeita. A Lua. São os pontos de luz que estão no céu que iluminam a rua lá fora. Cá dentro, sou eu e a minha alma. À espera que eu durma para poder sair daqui. Não há Sol para nos aquecer. Apenas a madeira a criptar quando o fogo pede para dançar com ele. Esta noite está decidido... Hoje só vou pensar nela.

Penso nela desde o momento em que a vi.