sábado, março 31, 2007

Dança


Uma surpresa. Fecha os olhos. A orquestra está preparada. Os instrumentos afinados. Na sala onde estamos o chão é de madeira. Um dois três. Respiro fundo. Destapas-me os olhos com as mãos de fada. Tocam música de tango. Esperas por uma reacção minha enquanto me olhas. Não sei dançar. Mas tu ensinas-me. Dizes-me: não tenhas medo. Com um sorriso que me deixa mais leve. Basta isso. Os passos lentos que dás parece os de um anjo. Seguras-me na mão. Olhas-me nos olhos. Rio-me com vergonha. Baixo o olhar. Pedes para levantar a cabeça. Eu nem hesito. Sopras-me ao ouvido. Eu estou aqui. Seguro-te na cintura. E avançamos. Um. Dois. Três. A dança é lenta. Ou pelo menos assim parece. Seguras-me com calma mas sempre com o sorriso. Entro no ritmo. Dizes: Vês, é fácil. Amo-te. Abraço-te. Transpiras sensualidade. Com a flor que tens no cabelo. A minha alma abraça a tua. O espaço muda. Olho a volta e vejo-me contigo. Sozinhos. Junto a um banco. Ao pé da praia. O desenrolar das ondas lá ao fundo. Continuamos a dançar. O chão agora é areia. Não há orquestra. Não há som de passos. Mas não notamos. Dançamos mais duas ou três músicas. Depois paramos. Voltamos ao salão. Saímos de mão dada. Vamos ver o mar. Aconchegados um no outro. Na praia. Sentados no banco.

Na dança, as nossas almas juntam-se e somos um só.