quinta-feira, abril 26, 2007

Chuva

Chove muito. Faz frio. Prometeste vir até mim hoje. Espera por mim. Disseste como desabafo de já sentir saudades quando ainda nem nos tínhamos ido embora. Também sinto isso. Também me custa. Acordo e a primeira coisa que faço é olhar para o relógio impaciente. O meu coração bate por ti. Olho para todos os lados. Respiro esporadicamente. Sais de casa. Agarras o casaco para não fugir com o vento. Sou o teu casaco. Esse felpudo. O quentinho. Sou essa camisola rosa. A fofinha. Sou tudo o que te faça aquecer. De chapéu de chuva ao alto andas sem parar. Estou ainda em pijama. A contar os segundos. 21. 22. 23. Até ao 60. Depois recomeço. O tempo anda mais devagar quando pensamos nele. Ainda falta para cá chegares. A chuva continua. O meu Amor vem cá hoje. Digo baixinho para o coração acalmar. Páras numa passadeira. Os carros param também. Tal como eu quando te vi. A calçada é irregular. Os teus sapatos fazem estalidos. Mas o teu coração nem te deixa ouvir. Desisto. Não aguento mais a espera. Atiro o pijama para qualquer lado. Visto algo a pressa. Levo casaco. Mas não chapéu. Corro. Até ti. Até te ver. Tu vais calma. Os anjos não correm. Voam. O meu coração já te sente perto. Mas ainda não te vejo. A chuva abranda. Tu voas. Eu corro. Já te vejo. Não reparas em mim. Não estás a espera. Páro de correr. Vou andando. As gotas são ínfimas. Olhas para mim e páras de andar. Respiras fundo. Eu também. O tempo muda. Não chove. Faz Sol. Céu azul. Nuvens brancas. Algodão. Agarraste a mim. Mesmo todo molhado. Riste. Não aguentavas a espera? Não, meu anjo...Tu sabes que nunca aguento. De mão dada voltamos para minha casa. Sem pressa. Só aos beijos.

Não consigo viver sem ti.