sábado, maio 31, 2008

Pintura

Moldura. Tela grande. Eles estão juntos. Ele abriu a janela. A luz entrou. Grande. Ela olhou para a tela. Ele olhou-a. Nós estamos aqui as duas. Almas. Podemos estar onde quisermos. Até na tinta. Ele mistura as tintas. Ela encaixa a tela no cavalete. Um pouco mais para a direita. Assim. Uma garrafa de água tomba. Ele volta a pô-la no lugar. Vamos pintar o nosso amor. Ela segura num pincel. Escolhe a cor. Quero pintar aqui. Pintam. Ele de traço largo. Confiante. Ela detalha as particularidades. Aquela florzinha que cresce na relva. Aquele botão de rosa que ainda não desabrochou. Ele pinta um céu claro. Contentes. Divertimento. Sem querer ela deixa cair tinta na roupa. Ele risse. Nós também. Ela faz de conta que ficou triste. Ele aproxima-se dela. Quando ele a abraça ela pega no pincel e pinta-lhe a cara. Não perdes pela demora. Ele corre para o balde de tinta e molha a mão. Ela tenta fugir. Nós também. Mas consegue pintar-lhe um lado da cara. Riem-se a bandeiras despregadas. Até faltar o ar. Continuam a pintar. Retoque final. Arrumam as coisas e deixam secar a tinta. Sentados num banco os dois. Eles e nós. Juntos.

Acrescentaste-me uma nova cor na paleta: o amor.